Thursday 11 February 2021

Suicídio é uma Emergência Médica

Diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria e coordenador da campanha de prevenção Setembro Amarelo, médico alerta para a necessidade de tratar o assunto com mais seriedade e preparo

Por muito tempo, fez-se silêncio sobre o suicídio. O aumento do número de casos, que chegam a 800 mil por ano em todo o mundo, porém, indica que é preciso acabar com esse pacto social de ignorar o tema, como se ele não existisse. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que a taxa de mortes autoprovocadas em 100 mil passou de 5,3 em 2011 para 5,7 em 2015. O país conhecido pela alegria foi desmascarado. Por trás de uma pseudoanimação contagiante, existe uma nação deprimida, ansiosa e com outros transtornos mentais intimamente associados à ideação suicida.  Dr. Antonio Geraldo Psiquiatra Brasilia

Para o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, que por diversas vezes ocupou a presidência da Associação Brasileira de Psiquiatria e é diretor da entidade, a prevenção do ato é prejudicada pelo preconceito. Isso porque as pesquisas mostram que praticamente 100% das pessoas que se suicidaram tinham diagnóstico de alguma doença mental, como depressão. Contudo, assumir o problema ainda é custoso para muita gente, devido ao estigma construído em torno das enfermidades que atingem a mente. Assim, mortes prematuras que poderiam ser evitadas continuam acontecendo por falta de tratamento adequado.

Coordenador da campanha de prevenção Setembro Amarelo, Antônio Geraldo da Silva insiste na necessidade de se tratar o suicídio como uma emergência médica: de acordo com ele, assim como uma fratura exige o atendimento especializado imediato, o paciente com concepções suicidas precisa ser encaminhado ao pronto-socorro e, depois, ao tratamento psiquiátrico e psicológico adequado. Uma forte crítica do diretor da ABP refere-se ao que ele considera falta de políticas do Ministério da Saúde, tanto preventivas quanto de acompanhamento de pessoas que tentaram suicídio e familiares daqueles que tiraram a própria vida.

Embora reconheça a necessidade de se discutir o tema, o psiquiatra alerta que é preciso falar da maneira correta. Para ele, a primeira temporada da polêmica série da Netflix, 13 Reasons Why, que aborda o suicídio entre adolescentes, falhou ao jogar na tela um assunto tão complexo sem os cuidados devidos. Já para a segunda temporada, a plataforma de streaming incluiu um manual assinado por Antônio Geraldo da Silva, que ensina como assistir ao seriado. “São temas fortíssimos, que não podem ser abordados sem um adulto por perto”, observa ele nesta entrevista a Encontro Brasília.

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